Nesta segunda-feira, 21 de abril, o Brasil reverencia a memória de Joaquim José da Silva Xavier, o emblemático Tiradentes, em um feriado nacional dedicado ao herói da Inconfidência Mineira. Ele foi o único dos insurgentes a sofrer a pena capital, sendo executado por enforcamento em decorrência de sua participação no movimento que ousou desafiar o domínio da Coroa Portuguesa.
Nascido em 12 de novembro de 1746, na então próspera Capitania de Minas Gerais, durante o período colonial, Joaquim José trilhou uma trajetória multifacetada. Exerceu diversas atividades, desde a curiosa prática da odontologia amadora, que lhe valeu o apelido de Tiradentes, até tentativas menos bem-sucedidas como tropeiro, mineiro e mascate.
Contudo, conforme aponta o historiador Alexandre de Medeiros Motta, foi na carreira militar que Joaquim José encontrou alguma estabilidade. Ele serviu como alferes na cavalaria dos dragões reais, uma força militar de atuação na capitania mineira, subordinada ao poderio português.
A motivação central que impulsionou Tiradentes e os demais envolvidos na Inconfidência Mineira residia na insatisfação com a administração do Visconde de Barbacena e o jugo do Império Português. A revolta eclodiu em resposta à incessante drenagem das riquezas da região, impulsionada pela cobrança de impostos considerados excessivos sobre a produção aurífera da capitania. A Coroa Portuguesa exigia o “quinto”, um tributo que representava 20% de todo o ouro extraído.
De acordo com o historiador Alexandre, Joaquim José se destacava entre os dez participantes como o mais fervoroso defensor das ideias de libertação, propagando-as abertamente. Curiosamente, ele era o membro menos abastado do grupo, que incluía padres, fazendeiros e outros mineradores influentes. “Talvez essa condição tenha contribuído para que ele fosse o escolhido para enfrentar a forca”, pondera o historiador.
O ideal primordial de Tiradentes era a proclamação de uma república em Minas Gerais, em um período em que o Brasil ainda vivenciava o regime imperial. Alexandre de Medeiros Motta enfatiza que “a Inconfidência Mineira não configurou uma revolta popular, mas sim um movimento elitista, primordialmente motivado por questões econômicas, ligadas à exploração do ouro através da imposição do quinto”.
O historiador ressalta ainda que a figura de Tiradentes permaneceu relativamente obscurecida até a Proclamação da República, em 1889. “Ele começou a ser difundido como um herói somente a partir desse momento. Havia uma necessidade de construir figuras heroicas que conferissem uma validade histórica ao republicanismo no Brasil. Dessa forma, atualmente, Tiradentes se consolidou como uma das figuras mais emblemáticas da nossa história”.